sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Elogio da mentita

Eu poderia escrever uma poesia, mesmo que fosse medíocre, tentaria pelo menos no último parágrafo transformar em algo doce . Mas agora outras coisas me agoniam os dedos e a alma. A sujeira dos rios, das ruas, das escolhas e do País. Eu me pergunto como nós nos acostumamos tanto a sermos tão massacrados diariamente, sorrindo, sambando, comprando um palio com prestações a perder de vista e dançando, cantando, ahh estamos muy felizes. O desapego que não se vê, a crença de dias melhores, os heróis que precisamos, mas pra que? Alguma coisa disso tem adiantado? Reclamar, mobilizar, parar? Infelizmente ainda estamos no jardim de infância quando se trata de persistência. Ainda somos facilmente manipulados e permitimos goela abaixo um punhado de desatinos. Basta um sorriso, um carnaval, uma fantasia, a propósito quando será mesmo a nossa próxima fuga da realidade? Páscoa? Temos urgências, temos vozes, mas não temos direção. Somos um gigante sem sentidos e força, sem tesão. Assistimos nas nossas "tvs de leds" a desgraça humana, a falência da vida alheia, assaltos morais e mortais e absolutamente a nossa grande preocupação é onde passar o próximo feriado, que aliás se aproxima. Eu também assumidamente estou nessa. E é uma pena, É assim que vejo e sinto, por preguiça ou egoísmo, por tédio ou comoção. Faço parte de uma massa, mas verdadeiramente queria ser parte integrante de uma minoria. Confesso que nem sei por onde começar, pelo menos acredito que alguma coisa fora da ordem estar. E sim, não me agrada, tô cansada, mas onde vamos parar?

sábado, 16 de agosto de 2014

Esse cara tem me consumido.

Só ele sabe. Só ele sabe de mim e de você. Dela e dele também sabe. Só ele é capaz de transformar seu olhar mais indiferente num puro piscar de poesia. Lembro e relembro cheiros e sensações, mesmo gostando de trazer comigo exclusivamente lembranças de amor. O que é diferente disso, se fui apresentada, não lembro. Quem é o próximo? Ele é responsável por transformações sem tamanho e inacreditáveis, eu me desconheço, ainda bem. Mas não me estranho porque andei pra frente. Mas é curioso por exemplo achar cafona uma cidade que você viveu e que na época você achava maravilhosa. A proposito conheci recentemente o Acre, sim ele existe e é criativo. Nota de roda o pé: gostei muito. Ele me protege de pessoas medíocres, elucidou as minhas escolhas, todas assumidas por mim. Mas o mais cômico disso tudo são os bichos, livros e filmes. Ele me fez preferir o campo e o mar. Ok. Isso é culpa sua amor. E a bem da verdade ainda prefiro o mar, como disse um dia trago um dentro de mim, azul e quente. Não dizem que azul é a cor mais quente? Mesmo preferindo o laranja e realmente acreditando que o amarelo é o novo preto. Ele também me deu paciência, esperei anos ser derrotada pela paixão, antes só tinha experimentado uma única vez tamanha surra, mas isso foi no inicio dos anos 2000, de lá pra cá, nem cosquinha no meu coração. Ah ando velha, esse é o preço que ele cobra, alto para alguns, razoável para outros, por mim valido e vivido. Também tenho uma reclamação sobre ele, quando estamos juntas ou rindo animadamente com amigos ele teima em voar, quando o contrário ele teima em "lerdar". Falando em voar, no avião inclusive ele dorme. Aliás tenho que ter uma conversinha com ele sobre isso. To gostando não. Ele é um incentivador das minhas mudanças que trago expostas aos olhos alheios, desenhos na pele e brincos. Quero te dizer que no fim de tudo sou muito grata a você, penso que tenho andado pra frente, bem acompanhada e acolhida. É tempo, no final das contas você é um pai.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

ArTeModaPoP: controle remoto

ArTeModaPoP: controle remoto: Remoto controle. Gosto do controle remoto em cima da cama. Enquanto eu arrumo a mala para uma viagem longa, você se espreguiça e comenta que...

controle remoto

Remoto controle. Gosto do controle remoto em cima da cama. Enquanto eu arrumo a mala para uma viagem longa, você se espreguiça e comenta que lá deve estar muito quente. Mas na verdade a certeza que tenho é que frio ficará meu coração, a nuvens de distância de você. A papila azedará um pouco e a pupila preta e branca será. Que romântica cafona me tornasse. Você dispara: ah de se pagar um preço por dosagens diárias de felicidade. Desde o inicio sabíamos que ia ser assim. E mudamos tanto e nos adaptamos tanto, e eu sempre achei que fosse ser mais difícil e você por sua vez, impossível. E foi. Possível.Fotografo você na cama, como garantia. Em momento algum esqueço tudo que te compõe, esmaltes, tatuagens e um corpo esbelto. Guarde para a minha volta a sempre sua cotidiana melhor risada. Vamos rir de novo de coisas que rimos no começo. E pela primeira vez vamos repetir coisas de novo. Recomeçar é sabido. Artifícios físicos nos levam ao primeiro beijo, quase sempre ao primeiro, e com sorte aqueles tantos outros de depois. Não sei se tive sorte. Tenho você, o que francamente considero mais.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Desde 1997.

Foi como tomar um banho de chuva. Uma chuva torrencial, que pode deixar uma gripe ou um alívio. Foi essa sensação que tive quando voltei pra casa. Passar semanas acordando às 4 da manhã, cidades diferentes quase que diariamente, horas em vans. Era o que eu tinha, e sei o quanto eu quis aquela vida mais na prática é 670 gramas mais difícil. Viagens que obrigaram a me conhecer um pouco menos e me desconstruir um pouco mais. A testar a minha tolerância comigo e com o outro. Em cada cidade que chegávamos eu conhecia heróis e rainhas, eu ria e chorava, me emocionava a cada conto. Encontro. Ponto. Era alma. Partia. Pra resumir, eu uma exímia preguiçosa na arte de viajar, estava habitué de fronhas branco gelo. Não gosto de mudar, mas abro o meu peito, pálpebras e papilas para novidade. Logo gosto. Longo gosto. De mudanças eu só aturo as minhas quando são intempestivas caso contrário desisto, se não for de súbito. Eu mudei muito esse ano, aliás venho mudando muito desde 1997, precisamente. Exerço e abuso do meu direito de mudar, deixando claro que exige alta teor de concentração minha. Também tenho abusado do direito do não, porque devo confessar que o sim sempre me pareceu mais atraente. Mas o sim é simplório e nada, desde gente a versos me venham cobertos de pureza. Minha mãe me falava que algum dia da minha vida as sextas não iam ser tão atraentes e desejadas. Que o sábado seria um afago do corpo e que o domingo a inocência das manhãs e a xepa da feira. Eu acreditava que para isso eu teria que casar e ter filhos, um gato chamado Alexandre e um labrador chamado Walter. A verdade é que não precisei passar por nada disso, pra entender que aquela corou charmosa de sardas tinha toda razão. Ando pronta pra chegada, sabendo sempre da partida. Levo pouco na bagagem, afinal eu trago o mar dentro de mim e ele é espaçoso.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Toda nudez será aplaudida.

Foi com essa frase que uma amiga querida me brindou. Ela viu uma foto minha quase nua. Ela parafraseou Nelson. E eu adoro Nelson e ela. De uns tempos pra cá ficar nua tem sido natural, como eu sempre imaginei que deveria ser. Estar nua é a forma mais libertadora de exercer os seus sentidos, você é arte, pura, crua, nua...sua. Não tem máscaras. Tem carne e osso, proteção altamente pretenciosa e confortável. A conexão pura corpo e mente, entre você, o mundo e o outro, que não é o mundo. O Outro é uma coisa sua e peculiar sendo extremamente particular aos olhos dos outros. Tenho achado lindo a nudez, ela vibrante, reluz cores, reduz medos. Experimente despir-se pra você e de você. Comece numa noite quente, são as melhores. Aceite o tempo. Receita fácil: fique descalça, depois descalce os peitos e por fim a alma. Depois transe com você e goze. Viaje, seja competente. Vire os olhos, grite e por fim, espanque o travesseiro. Esta ali o seu templo, seu parceiro mais fiel e devoto. Não esqueça: Todo corpo é também uma forma de oração. Sua morada mais antiga e sim, por hora ou por vida definitiva. Eu vejo o corpo nu, aquele que se mistura ao meu, claro, e troco.É de uma singularidade, é liso, é bonito e me devasta quando entra no meu. Trago nele a minha falsa simplicidade, mas a história verdadeira sobre a minha singela histeria e flexibilidade. E ele ainda vai contar muitas e tantas outras prosas. Espero eu.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Pompéia.

Hoje fez um ano, desde a primeira vez que transamos. Só mulher lembra esse tipo de coisa? Na verdade eu só lembrei porque depois de você foi muito difícil voltar a vida real. É curioso porque falamos que não gostávamos de sexo casual e esse foi. E depois tiveram mais. Não mais casuais. Também não combina com a gente. Sendo você uma pessoa reservada e mesmo eu sendo descarada, as vezes. Afinal quando se quer muito, o descaramento tem que se fazer presente, caso contrário, passa. Enquanto você falava sobre coisas que eu não conhecia muito bem, como se eu conhecesse muito bem, eu conhecia você. Quando sorria, eu corria pra dentro de você. Quando eu fechava os olhos, o mundo parava, a retina brilhava e eu já não sabia como seguir. Andava amortecida de carne e poros. De poesia. Minha luz andava falhando, ainda bem, seria pior se a fé faltasse. Entre sons e ruídos, adoramos o silêncio. Amo o seu tom de voz, baixo. Entre cortinas, cachorros e amigos, entre promessas. Abrimos. Paredes e pulso. Antes que eu esqueça o seu cheiro é algo deliciosamente sexy, seja por essência comprada ou composta por pele. A nossa. Só de pensar, aqueço. E se tem pele, tem cheiro, quadros, palco, você e eu. A.